Organismos geneticamente modificados: em busca da ciência neutra

Klebsiela planticola

Quais seriam os efeitos na Natureza de uma bactéria geneticamente modificada adicionada à silagem de gramíneas para produzir álcool como biocombustível? Essa foi a pergunta feita por um grupo de pesquisadores da Soil Food Web School.

Parecia o plano perfeito: inserir em bactérias Kleibsiela planticola, muito comuns de serem encontradas nos solos, partes do código genético de outras bactérias que trazem bons resultados na produção de álcool; uma forma de aumentar o rendimento das plantações por meio de retirada de um segundo produto, o álcool. Aparentemente, uma aplicação prática importante dos organismos geneticamente modificados (OGM). E ainda, a biomassa verde gerada, depois de retirado o álcool, poderia ser reutilizada para produção de composto e, portanto, voltaria para o solo como matéria orgânica para alimentar a produção de plantas.

Os testes em laboratório, entretanto, demonstraram que os resultados não eram assim tão animadores. Três experiências foram montadas para avaliar a situação. Três variáveis foram testadas, considerando condições iguais de água, solo e sementes. 

A primeira, servindo de referência, onde trigos foram cultivados só com água e solo. No segundo experimento, com o mesmo solo e a mesma quantidade e qualidade de água foram acrescentadas as bactérias Klebsiela planticola não geneticamente modificadas. Na terceira amostra, a variável testada foi a introdução da bactéria geneticamente modificada para produção de álcool.

Após 6 meses de observação, sem motivo aparente, a planta da amostra com bactéria geneticamente modificada, misteriosamente secou e morreu. Já a amostra onde a bactéria Klebsiela planticola foi adicionada teve boa produção e saúde, enquanto na amostra sem acréscimo de bactérias o crescimento foi inferior.

A avaliação da Dra. Elaine Ingham sobre os resultados, destaca que: Ocorrendo produção de álcool no solo, as plantas tendem a secar e morrer, pois as condições do solo vão se tornando anaeróbias e, portanto, impróprias à vida. As bactérias geneticamente modificadas selecionaram para a produção de álcool no solo causando a morte das plantas.

Por defender que os organismos geneticamente modificados (OGM) careciam de melhor regulamentação e pesquisa, a Dra. Elaine sofreu represálias como professora da Universidade de Oregon e renunciou.

Imagem de https://microbiologia.icb.usp.br/cultura-e-extensao/textos-de-divulgacao/biotecnologia-e-inovacao/fermentacao-industrial/o-desafio-do-bioetanol/

Que experimentos então provam o contrário e que tipo de estudos foram usados para ratificar o uso dos OGM na maioria dos países?

Para entender como os OGMs foram aprovados, é importante compreender que os resultados dos experimentos científicos podem provar absurdos, se não houver observação crítica do método utilizado.

A seguir, um exemplo interessante criticado pela fundadora da Soil Food Web School, Dra. Elaine Ingham, quando ela ainda lecionava na Oregon University. 

Os pesquisadores tentaram observar os efeitos em animais das bactérias E. Coli geneticamente modificadas, adicionando a bactéria seca e peletizada nas rações de peixes, patos e camarões. Nenhum efeito foi observado, o que não quer dizer por isso que os OGM´s sejam inofensivos.

Os efeitos das bactérias sobre o ambiente precisam ser também observados se elas estiverem vivas, multiplicando-se no ambiente. Nesse caso, segundo a Dra. Elaine, os resultados seriam bem diferentes.

Um outro exemplo de erro de método está na comparação entre campos onde foram adicionadas as bactérias modificadas e não modificadas aspergidos com químicos tóxicos. Os pesquisadores concluíram que a bactéria, modificada ou não, morria em todos os casos. E isso levou à conclusão de que seriam inofensivas. 

Claramente, tal experimento não prova nada além do efeito biocida dos químicos tóxicos.

Talvez a liberação de organismos geneticamente modificados na agricultura de todo o mundo seja o exemplo mais forte de como o Estado serve mais as corporações que ao povo e ao bem viver coletivo. 

Sobre

Marina Utsch e Peter Cezar apresentam no Guia de Permacultura os princípios para criar sistemas eficientes e autossuficientes em energia.
Por meio da observação da Natureza é possível reverter o atual estado de degradação em que a EROI (Energia retornada em comparação com a energia investida) na extração dos minerais e combustíveis não renováveis vem baixando de 100:1 para 3:1. Estamos próximos da exaustão?
Na dúvida, o Guia de Permacultura te ajuda a se preparar para os cenários futuros.
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