A importância da microbiota ou por que a ciência ainda fala em matar a doença quando cultivar a vida seria mais eficiente em nos livrar dos males?

No experimento relatado, as ostras com bom crescimento e aptas à comercialização, apresentavam esse tipo de bactéria, a Cristispira, na composição dos tecidos do sistema digestivo

Conclusões novas estão chegando enquanto vasculho por conhecimento científico em mibrobiologia e atrevo-me a organizá-lo em palavras. Somos feitos de bactérias aeróbias e anaeróbias facultativas. As anaeróbias estritas aparecem mais em solos compactados e intestinos mortos, mas também em biodigestores, causando a liberação de gases combustíveis como o metano.

As aeróbias excretam gás carbônico. É muito difícil observar as aeróbias se você usa o método de investigação errado. Se você tenta reproduzi-las numa placa de cultura oferecendo açúcares a elas, elas podem se multiplicar tão rapidamente que morrem por falta de oxigênio ou aumento da temperatura.

Num microscópio de campo claro, dificilmente você irá vê-las porque se confundem com a água. Pra se ter uma ideia da importância delas, a cientista Elaine Ingham, referência nesta coluna, relata a seguinte história.

Ostras

Um negócio de cria de ostras ia mal porque as ostras não cresciam e não se sabia por que. Ao coletar amostras de tecido das ostras debilitadas e comparar aos de ostras saudáveis, multiplicando as bactérias encontradas em placas de cultura, não houve nenhuma diferença. Porém ao comparar as amostras em microscopia de campo escuro, as ostras saudáveis da natureza apresentavam em seus tecidos bactérias aeróbias, como a Cristispira, o que não acontecia com as ostras subdesenvolvidas da criação comercial.

Acontece que essas bactérias só crescem em ambientes extremamente despoluídos, sem resíduos petroquímicos, e níveis adequados de oxigênio. Nas águas que recebem esgotos ou tratamento, e na maior parte das águas que chegam às torneiras dos brasileiros, segundo levantamento recente da Repórter Brasil, existem xenobióticos derivados da adição de cloro, flúor, ou metais como alumínio. O oxigênio é consumido pela decomposição biológica e química. Os metais e poluentes orgânicos persistentes podem se acumular nas gorduras animais, causando doenças.

O criatório de ostras encontrava-se abaixo (a jusante) de uma cidade e as águas utilizadas apresentavam contaminações do esgoto e do tratamento. Foi preciso desativar o negócio. Não seria possível criar ostras com sucesso com tal qualidade de água.

Da mesma maneira, segundo a Soil Food Web School, de Elaine Ingham, vegetais que tem uma concentração alta em bactérias aeróbias recobrindo suas folhas e raízes, tem maior resistência contra patógenos, como bactérias e fungos causadores de doenças ou nematóides do tipo comedores de raízes. Isso está comprovado em campo pelas inúmeras fazendas que adotam o método de compostagem aeróbia de Elaine e chegam a triplicar sua produtividade.

Se vegetais e ostras saudáveis se relacionam diretamente com a presença de bactérias aeróbias, porque não inferir que em nós também a oxigenação de nossos tecidos e a proliferação das bactérias aeróbias sejam uma chave de ativação da saúde?

Como toda mudança de paradigma, essa ideia sofre com a descrença dos especialistas. É claro; ao procurar por evidências científicas, não encontram. Metem as colônias em placas de petri ou utilizam a técnica de gram, assassinando as bactérias aeróbias mais delicadas, as mesmas que morrem em nosso corpo por causa do estilo de vida que adotamos: sem ar puro, com água contaminada, com solos e alimentos mortos.

Ainda sem entender por que a ciência ainda fala em matar a doença quando cultivar a vida seria mais eficiente em nos livrar dos males.

Sobre

Marina Utsch e Peter Cezar apresentam no Guia de Permacultura os princípios para criar sistemas eficientes e autossuficientes em energia.
Por meio da observação da Natureza é possível reverter o atual estado de degradação em que a EROI (Energia retornada em comparação com a energia investida) na extração dos minerais e combustíveis não renováveis vem baixando de 100:1 para 3:1. Estamos próximos da exaustão?
Na dúvida, o Guia de Permacultura te ajuda a se preparar para os cenários futuros.
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