De Paulo Freire, sempre atual, aprendemos um jeito de lidar com as comunidades nas quais nos inserimos. A permacultura trata de produzir sistemas sustentáveis, e ninguém pode produzir um sistema completo sozinho, fechado em sua casa.
Daí a necessidade de o permacultor interagir com seu entorno e daí a inspiração de Paulo Freire. Não adianta fazer como fazem os programas de responsabilidade social das empresas: trazer projetos prontos, falar o que deve ser feito para que os outros evoluam.
É necessário um processo de auto-reflexão, que só se consegue quanto TUDO, do planejamento ao processo, é construído participativamente, respeitando o tempo de cada grupo.
Algumas coisas que a gente já fez nas comunidades aonde moramos podem dar um exemplo de uma maneira permacultural de trabalhar com pessoas:
A permacultura social, abrange desde a comunicação não-violenta, metodologia criada por Marshall Rosenberg até o incentivo ao consumo local e à organização comunitária para a economia solidária. Lá em Moeda, procurávamos comprar dos(as) agricultores(as) locais, e assim podíamos garantir melhor a origem do nosso alimento, se havia respeito a Terra, valorizando o homem do campo e a saúde das pessoas. Convidávamos a comunidade para nossos cursos e mutirões, e vivíamos bem próximo a eles. Foi uma experiência antropológica, muito transformadora. Fazer projeto COM a comunidade, vivendo lá, era bem diferente de fazer PARA.
Na foto, o Senhor Odair, nosso ilustre parceiro, já participou de nossos cursos e nos está sempre ensinando sobre a relação com a terra.
Depois de um curso de beneficiamento de plantas medicinais com o prof. Marcos Guião, criamos junto com a comunidade um grupo de resgate da tradição da medicina popular. A proposta era que as pessoas conhecessem o próprio corpo e os cuidados com a própria saúde incluindo a melhoria da alimentação e o uso de plantas. O grupo chegou a produzir sabonetes. Afinal, a região tem muitos anciões conhecedores das raízes que curam. Aliás Moeda era conhecida por uma antiga garrafada que era levada a Belo Horizonte para curar todo tipo de males: o arrobe. Foi lá também que várias fórmulas de xampu foram desenvolvidas, incluindo a de Seu Vicentino de Moeda, para cura da queda de cabelo.
As recreações eram outro ponto forte da atuação do Núcleo Moeda junto à comunidade: momentos para resgatar as brincadeiras tradicionais, a infância pura e simples, e também para trabalhar a educação ambiental com peças teatrais e brincadeiras ecológicas.